novembro 22, 2024 6:53 AM

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(IN)JUSTIÇA tem reestreia em SP

(IN)JUSTIÇA-BUTANTA-SP

(In)justiça é um ensaio cênico que reflete sobre aspectos do sistema jurídico brasileiro, norteado pela indagação: o que os veredictos não revelam?

Para tanto, apresenta a história do jovem Cerol que, involuntariamente, pratica um crime, desencadeando diversas concepções sobre o significado da justiça, seja a praticada pelo judiciário ou sentenciada pela sociedade.

As apresentações têm início em 16 de junho e seguem até 17 de julho, integrando as atividades do projeto CÁRCERE – Aprisionamento em Massa e Seus Desdobramentos, contemplado pela 35ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, que foi elaborado para comemorar os 20 anos que a Companhia de Teatro Heliópolis completou em 2020.

A temporada também acolhe quatro sessões pelo Edital ProAC Expresso Lei Aldir Blanc Nº 43/2021 – Prêmio por Histórico de Realização em Teatro – Produção, incluindo rodas de conversa após sessões dos dias 25 de junho, 2, 9 e 16 de julho.

(IN)JUSTIÇA

Com estreia em 2019, o espetáculo foi indicado ao Prêmio Shell na categoria de Melhor Música e ao Prêmio Aplauso Brasil como Melhor Espetáculo de Grupo. No 4º FESTKAOS (Cubatão/SP) conquistou os prêmios de Melhor Atriz (Dalma Régia), Melhor Ator (David Guimarães), Ator Coadjuvante (Danyel Freitas) e Melhor Figurino (Samara Costa), além de indicação para Trilha Sonora e Iluminação. Também participou do 34º Festivale, da 12ª Mostra Cooperifa, do 41º FESTE de Pindamonhangaba e do 14º FENTEPIRA.

Permeado por imagens-sínteses e explorando a performance corporal, (In)justiça coloca em cena a complexidade da justiça no país, deixando a plateia na posição de júri em um tribunal. O embate entre os dois lados da justiça – da vítima e do criminoso – se estabelece em um jogo contundente que expõe com originalidade a crua realidade dos jovens pobres e negros. A música ao vivo confere ainda mais densidade poética ao ‘relato’, que foge da abordagem clichê.

A história de Cerol é contada de forma não linear. Exímio empinador de pipas, o garoto vive com sua avó; a mãe morreu no parto e o pai, assassinado.

Depois de uma briga devido ao alto volume da música na vizinhança, Cerol é perseguido. Durante a fuga, dispara um tiro involuntário, atingindo uma mulher que morre em seguida. Ele é preso e submetido ao julgamento da lei e da sociedade.

Com base nesse argumento, a Companhia discute os direitos humanos à luz da Constituição Nacional. A encenação recupera também a ancestralidade do brasileiro em fortes passagens ritualísticas. “Queremos pensar o homem negro e a justiça, desde a nossa origem até os dias de hoje”, afirma o diretor Miguel Rocha.

Cenas impactantes e desconcertantes surpreendem todo o tempo. A encenação de Miguel Rocha, alinhavada pela dramaturgia de Evill Rebouças, mostra como a democracia pode ser manipulada. O crime versus a vítima ou o criminoso versus a justiça aparecem de forma não superficial nem previsível.

A abordagem parte do ponto de vista mais íntimo para o mais coletivo: da comunidade para a sociedade, da moral pessoal às convenções sociais. Isso permite leituras iguais de um mesmo caso jurídico, como no julgamento (defesa e promotoria), quando ambos os discursos são tão contundentes quanto convincentes.

“Para falar de justiça, temos que falar das relações humanas contraditórias, pois a justiça se apresenta pelas contradições”, reflete o diretor.

Com emoções e sensações que fogem à obviedade, (In)justiça tem quadros coreografados que dão o respiro necessário à dinâmica da encenação: cidadãos urbanos, policiais, advogados com suas togas desfilam pela área cênica e hipnotizam o espectador.

Os depoimentos inseridos nas cenas humanizam e tornam crível a proposta da montagem, sejam densos, desconcertantes ou lúdicos. Segundo o diretor, os três pontos de vista – o pessoal, o divino e o do homem – são considerados na concepção, bem como a máxima que diz “só quem passou por uma injustiça sabe o que é justiça”.

SERVIÇO
Espetáculo: (IN)JUSTIÇA
Com Companhia Teatro de Heliópolis
De 16 de junho a 17 de julho de 2022
Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 19h
Bate-papo após sessões: 25 de junho; 2, 9 e 16 de julho – sábados.
Local: Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho
Rua Silva Bueno, 1533, Ipiranga. São Paulo/SP
Ingressos online: Pague quanto puder – Sympla – https://www.sympla.com.brDuração: 105 minutos. Recomendação: 12 anos. Gênero: Experimental

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